sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Do que dói sem ser.

A experiência de aprisionar a conhecida decepção não pode aparentar como sendo apenas um desabafo, nem o sofrer por qualquer coisa que dói. A esperança de libertar-se vem do contraditório ato de tentar aprisionar dor com confissão. Em uma tentativa de que isso cesse, cogita-se calcular e medir a dor.

Isso que dói seria o amor? Ou seria apenas uma fé bobamente esperançosa de que se pode experimentar o segundo grande amor de uma vida?! Todo mundo sabe que esse amor, efemeramente definido grande, quando acontece, só pode ser um, todo mundo sabe. Mas algum coração tem meios de esperar sempre mais do que é a realidade. Então não, este sentimento não era o segundo grande amor d'algum coração, era apenas um sentimento real e admirável, mas que não contava com força suficiente para arcar com qualquer tipo de constância ou definição. Era algo tão significante, mas era menor; medido assim, sem tato.

Surpreendia-se pensando que esse sentimento, significante valorado, por um tempo ficou ali circulando com ares de atento visitante de galeria de arte. Em seus espaços e corredores estava exposta aquela arte insólita que não se compreende em sua completude, mas fascina; até que a preguiça de sentir se expandisse e a capacidade de continuar o exercício não exista. E não há quem seja culpado por isso. Diante de tal incompreensão os corredores daquela galeria parecem latejar em uma espécie de frustração e, com medo de mais dor, querem arriar suas portas e encerrar sua exposição, compactar-se e ir embora.

Sendo o coração como galeria e o sentimento como visitante, não faria sentido algum o coração moldar-se à volubilidade do sentimento. Os inquilinos podem decorar um interior, reorganizar os cômodos, mas não há possibilidade de gerar dor ao tentar diminuir sua estrutura. Arte, autor e espectador: um é porque o outro concebeu, e ao terceiro entrante cabe apenas arriscar expandir-se em cognições ao ponto de conhecer, até intimamente, a essência do artista que carrega o coração em cada poro da pele.

O amor passando a ser apenas a arte de expandir-se; de novo.


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Na imagem um quadro do pintor português Tó Luís.

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2 comentários:

Thalita Yanahe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thalita Yanahe disse...

amo por que admiro
e sinto nessas palavras experiência
quando criamos juntas....
não somos somente nós duas que habitam o ambiente...
é preciso organiza las nesse caos de criação e vida.
a arte vive a vida
bjo-blues-nas- nuvens