quarta-feira, 5 de outubro de 2011

como dois maridos

O tempo tem me corroído. Aliás, a pseudo-falta dele, ou ainda a vergonha desse tempo vivido tem me tornado ausente. Não do blog, do mundo. Não da vida, mas sim de tudo. Na pouca preocupação que um marido traz, arrumei outro (sem largar o primeiro, claro. Não assimilo bem essa coisa de largar, deixar, separar, não). Fiquei com os dois, o mais novo me deixa tão livre que chego a ficar sonada, não sei se por receio de se ater às cobranças ou se por falta de jeito, ele só me exige as horas. Ele vem cedo e é frenético na passividade de me ter no horário certo, sempre cedo, me pedindo muito raramente um dia de excessão e nada mais. Já o mais antigo exige tudo (só porque sabe que já me tem há quatro anos). Muito impositivamente cedeu aos meus tardes horários, mas me cobra a quantidade de horas (e me quer mais do que lhe seria suficiente), me exige o tempo e a temperatura do humor. Ele me arrebata o clima e a dedicação da mente, me deixa o corpo em transe e moído no final da noite. Quanto tempo eu vou resistir a essa vida dupla? Não sei. Mas um conselho eu posso registrar: na relação custo benefício, quem perde sou eu. Ter duas situações que lhe remunere mal vale menos do que ter uma que lhe onere pouco, mas que não lhe atormente as ideias. Mesmo não podendo haver meios de se ter dois empregos para sempre, a experiência de existir duas de você é indescritível.

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nota: A direção dos ventos muda invariavelmente, eu também. Depois de algum tempo e algumas situações, volto à casa bem diferente de quem eu era quando saí (graças a deus! permanecer a mesma, apesar da minha constante teimosia em ser, me traria dores horríveis). Então, apesar e por isso, nasceu um novo Universo para mim, o As Bolhas. Um novo blog, para escritos de uma outra forma, para expressões de um outro andar ou desnível. O meu primeiro, esse aqui, jamais sairá do meu querer, ele continuará vivo para que eu não esqueça de tudo. Confesso que pensei até em deletá-lo porque, sinceramente, alguns textos me pesam, mas eles são as quase-únicas testemunhas de quem eu fui e do que fiz. Então, eles continuarão como prova mais que viva de todo o universo de significâncias minhas e das pessoas que por aqui - bem aqui dentro - me deram o prazer de estar.

enjoy it!

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