terça-feira, 1 de novembro de 2011

camale

Emprenhada por uma espécie desconhecida, copulando o ato de gerar o vazio. Desejando solitariamente a possibilidade de uma angústia anunciada. A previsibilidade de perder-se no inconcreto, intangível existente.

O amor. Este complicar-se por palavras escritas em folhas avulsas, daquelas não pertencentes a indicação de gênero, muito menos ao prazer altivo de qualquer coletânea absurdamente inóspita.

O amor. Há um desassossegar-se em sonhos quase findos. Sinais recebidos de uma ilusão projetada, angustia o fim - e eu já o bendigo. O amor não é este não saber esperar, mesmo sabendo que a espera do amor é eternal? A cada linha que eu escrevo, mais dele eu percebo e mais distante ele me tem.

O amor é camaleão que não transmuta a sua essência, mas antes, converte a cor do ambiente à sua vontade. E que gosto ele tem? É esta transfiguração eternal dos segundos? Amor é eternidade no instante finito? E é quando? Amor é quando? É a lendária maldizente órbita inexplorada? É como? Amor é modo?

É o não avergonhar-se da ternura de um afeto em hora imprópria. Das frases sem sentido corriqueiro, da formulação de sentenças inesperadas. O amor é esta espessa camada de beleza rebocada sobre a retina? Amor é esta vertigem?

Este absurdo de dia apenas começou, um desaforo de horas! Amor é desaforo. É este embaralhar das independências em um (con)fundir de significâncias, é este romper o tino. O amor é mudar de ideia, de posição. É voluptuosidade, volubilidade. É vertigem, versatilidade, é fé cega.

O amor é uma claridade ofuscante, aturdida. O amor é tal qual um camaleão alado pelas prepotências humanas, com a pequena diferença de que, independente de sentido, o amor é alheio a concepção terrena.

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