quarta-feira, 8 de setembro de 2010

entre Delírio e Sensatez

harmonizam
as gotas de chuva que povoam a janela
as gotas que percorrem o embaçado da respiração
a chuva que cria traçado na vidraça.

invejam
o sexo exposto no rosto
o ativo sexo oposto e escândalos que faz para conseguí-lo
o sexo perplexamente insistente do rosto.

desconfiam
da veracidade do afeto
do quanto proclama o sentimento
e as coisas inversas que fazes com isso.

estragam
a postiça-imagem carregada de afeto
a pseudo-brincadeira de emanar beleza
a analogia entre os respirantes.

emudecem
diante da prolixidade gritante por vida
enquanto o viver enreda-se em mentiras
irritando a essência, arranhando.

[e como por um alívio]

testificam em leis de vida e sobrevida:
o encontro perene de fontes que não secam
o vislumbrar do simples, concreto e sólido
o enxergar da luz frouxa e constante

daquilo que se intitula lucidez!
o raro indizível delírio concedido a uns,
marque minha pele como carmin
e avive minha insubmissa sensatez.

2 comentários:

RESILIÊNCIA disse...

Poetisa Tatiani

Obrigado pela visita.
Obrigado por brindar-nos com tamanha sensibilidade, tamanho brilho.
um grande abraço

ErikaH Azzevedo disse...

Sobretudo um pedido, um querer de vida que rompa os limites da sanidade , da normalidade estéril..é bem isso né!

Mas é um texto forte e complexo um texto de profundidades e mergulhar nele sem vai nos fazer descobrir mais e mais.

Eu vi a cena, a chuva, a vidraça, mas fiquei com vontade de sentir o por detrás...tu me interrogas, ou serei eu que me interrogo diante de ti?

Bjods de quem te adora.

Erikah