Enquanto os créditos do filme se
anunciam, é inevitável perceber o arrepio da derme. Um trago prevendo a intenção
de tragar o mundo, mas ele não pode ser absorvido – esvazio os pulmões de algumas vozes. Questiono
se é só isso que existe: encher, reter até o limite e esvaziar-se por
incapacidade. Encher e inflar atordoa e entorpece. Colecionar o silêncio
das pausas da melodia que precede o enredo. Gloriosa pausa entre o comum e o
rotineiro. O encher e o esvaziar-se das cinzas e das marcas de café de todos os
dias. O semblante meio vivo de todos os dias. A espera, expectativa e o
aguardar pelo melhor de todos os dias, um otimismo. E a corrente de ar que este movimento faz é a
dignidade que aniquila o fogo, ou qualquer incêndio. E o vento no sentido
contrário é a tentativa de fazer a brasa reacender. A tentativa de projetar a
mudança de direção da próxima frase é a expectativa de gerar um fluxo mais
satisfatório. No meio do percurso é quase necessário apagar algumas vidas,
mudar o tempo de alguns sinais. Não por acaso, apenas para perpetuar a dúvida
de que se o que gera a mudança é o que sobra ou a incapacidade de visualizar a
paisagem de outra maneira.
Um comentário:
Após os créditos
o filme da vida começa.
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