sábado, 29 de maio de 2010

Minha Humanidade de Mentira

É duro admitir, mas tem momento que é inevitável constatar: as pessoas mentem. É um tal de se ter a necessidade de agradar, e que mentir um pouquinho se torna até quesito elegante no ser humano. A coisa está aí na sua cara, nitidamente desconexa, mas você sabe se controlar e dizer que está tudo bem. E não é raro as pessoas elogiarem o fato de que você conseguiu não dizer a verdade diante dessa situação gritantemente absurda. E eu nem estou a fim de falar de inversão de valores, isso já está blasé.

A Sociedade mente, engana. Dizem que vão criar emendas constitucionais falando em direito à felicidade, quando o monte de mentiras já existentes na Constituição já não fazem mais sucesso dentro da mídia, já não são nem mais questão a debater. E ainda tem o caso das organizações que pregam um frenético senso de responsabilidade socioambiental, quando na realidade produzem as mesma quantidade de lixo que antes, ainda depositam os dejetos das suas produções de maneira incorreta e nem se quer cogitam a possibilidade de empregar alguém com menos experiência.

Os pais mentem, desde cedo, pros seus filhos. Dizendo que o filho precisa respeitar as pessoas, ajudar o coleguinha, cuidar do mundo, quando eles mesmos não se olham mais nos olhos, chamam o mendigo no farol de vagabundo e jogam o maço vazio do cigarro pela janela do carro. (não estou dizendo que os mendigos são os pobres coitados da vez, nem que é correta a atitudes deles, eu não julgo isso neste post) Mas nota a diferença daquilo que a gente ouve aos montes para aquilo que a gente vê mais ainda? E já dizia alguém: ouço os discursos, mas aprendo com os testemunhos.

A aparência mente, daquela mentira que é treinada para esconder aquilo que a gente acha que não favorece. A revista mente pra entreter. Os amores mentem, e não assumem que mentem, afirmam apenas que escondem a verdade para não ferir. Não sabendo que a verdade pode até doer em alguns casos, mas a sensação de engano que a mentira traz, te rasga por dentro. Parece até que a alma empobrece com essa sensação de ilusão.

Os nossos sentimentos enganam, que é aquela mentira para dar sensações ao ego. A gente acha que ama o tempo todo, acha que ama muita coisa. E, pior que isso, a gente sai dizendo que ama sem enxergar a verdade de dentro, não sei em que época da vida a gente aprende que é um tanto quanto embaraçoso não ser a pessoa mais 'amável' ou 'amadora' do mundo, no sentido mais literal dessas palavras. Dizer 'eu te amo' se tornou coisa corriqueira, até porque é bonito dizer que ama, e repetição contínua dessa expressão pode indicar que o próprio remetente da mensagem quer se convencer disso.

Será que a coisa toda de ser humanidade foi sempre assim ou eu é que, com a idade, me tornei obcecada pela verdade?
Confesso que, às vezes, de tanta mentira, me pego com vergonha da verdade. Principalmente das verdades acima. Será então que as mentiras é que tornam a verdade algo tão complicado? Não sei.

Constato que, às vezes, de tão sincera, acabo me tornando transparente, invisível, sabe?!

Desculpem o desabafo,
assinado a inconformada,
aquela que já mentiu algumas vezes nessa vida.


Nenhum comentário: