segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mais Sabida que Antes.

Uma segunda-feira qualquer, onde, inutilmente, lanço a esperança de transportar para fora da minha consciência as coisas que não me agradam. Eu fico imaginando se tanta exposição não faria, justamente, o caminho inverso ao da minha intenção. Esta tentativa de transportar para outro lugar um possível desgosto não faz com que as coisas se firmem dentro da minha consciência?! Eu, sinceramente, não sei. Eu amanheço como quem escurece, as dúvidas turvam minha pouca clareza pela vida. Não estou desamparada, não estou depressiva, estou apenas observadora além da conta. Eu até sinto saudade daquela época quando tudo me empolgava, quando encontrar alguém me deixava satisfeita por uma semana. Mas essa época passou, como a atual vai passar. Hoje eu sinto como se houvesse uma incomunicação interna. Como se tudo o que é passível de razão já não fizesse mais contato com a emoção que sempre me foi latente. Morna. Entediada. Eu tenho saudade do quanto eu fervia e me emocionava. Hoje, a ciência de vários conceitos me trouxe uma estranha sensação de eu sei que é assim. Tenho saudade até da sensação de sofrer pelas inconformidades da vida. Saber das coisas traz um certo vazio sim, e não pense que é fácil declarar esse tipo de coisa, porque não é. Não me sinto nada realizada externalizando que, agora que eu sei mais ou menos como a vida funciona, eu sou uma pessoa mais sabida, sim, sa-bi-da, porque eu me dou o direito de recusar a dizer que isso é coisa de gente sábia, eu ainda posso me enganar dizendo que sabedoria é outra coisa, que eu ainda não tenho. Meu conceito de sabedoria é quando você sabe o que está se passando, mas, além disso, e, apesar disso, você consegue aplicar uma função de utilidade no centro desta informação. Sabedoria não funcional para mim não rola. E, dizendo isso, eu consigo me lembrar de uma constante: meu antigo gosto pela ignorância, por mais torpe que isso pareça. Daquela fase na qual a gente se engana por achar que algo não é o que parece ser, ou, ainda melhor, quando lhe é dada a capacidade divina de inventar um sentido para o seu novo conceito.

Subjulgando a capacidade da vida de me surpreender, mesmo achando que agora a moeda virou de lado, e, que o mundo não vai além disso, é difícil para uma pessoa comum admitir que a hora chega pra todo mundo. Mesmo me tornando algo com um quê de ser humano insensível, passível diante da foto preto no branco que a gente vê estampada no rosto daqueles com quem a gente encontra quase todos os dias, achando sempre que, aqueles que estão mais distantes de nós, são os agraciados pelo Universo com o bem estar, com a constante criação de ideias e que estas ideias jamais ficam presas no papel ou arquivadas nos nossos digníssimos, quase falantes, computadores. Me encontro em plena segunda-feira, no início laborativo da semana, com uma confusão de sensações revolucionárias. Não crendo mais em coelhinho da páscoa, mas ainda acreditando e gostando muito dos ovos, não vislumbrando Fenix nenhuma, mas gostando muito de ver a brasa na cinza, eu me sinto muito bem por uma chuva fria que cai, pela coisa negra que envolve meu pescoço egoísta semi-pneumonoso, e, dando graças a Deus somente pelo fato de ainda ter algo dentro que pensa, além do que lhe é mentirosa e enganosamente estampado na tela confortável da TV que tem as cores da Copa do Mundo de Futebol.

Talvez seja essa a mensagem da expressão da figura acima, em um quadro criado pela alma nascida pronta do querido Cavisk. Diante da sua ignorância, o Matuto pode fazer sua anarquia mísero-intelectual, e sentir-se completo na sua exclusão atemporal, de tudo o que é mais belo, de tudo o que é mais passível de apreço, das rodinhas de intelectuais que manifestam suas inércias, aparentemente revolucionárias, na tela bonitinha de uma página da internet. Ele está livre do seu ego, ele não aprendeu a ter um. Ele não precisa estudar para que as pessoas lhe reconheçam como ser pensante, ele só luta para que sua cria não morra de desespero social. Porque, no fundo, ele, como todos nós, não luta para ser feliz, ele só quer sentir que realizou o que era da sua competência, mesmo que as nossas finalidades sejam completamente diferentes. No fim, as complicações são mínimas, nossa finalidade faz parte daquelas verdades óbvias que quase ninguém domina: a gente só nasce a fim de realizar algo, sabendo sempre que esse algo é mutante.

I'm alive! Até que me provem o contrário. rs.

5 comentários:

Thalita Yanahe disse...

Alive e em chamas
não há revolução do grupo
sem a revolução em si
e é a coisa mais difícil do mundo ser justo
o que nos redime é tentar
construir algo que seja maior do que nossas pequenices

admiro vc ainda mais
ameeei
me inspirou agora vou ter que postar
ahuhauhauhaua

Anônimo disse...

Ah minha querida estas são as marcas que a maturidade está cravando em ti...As vezes dá vontade que os nossos sonhos não se tornassem realidade não é mesmo? Mas infelizmente chega a hora em que a borboleta em algum momento do seu voo,por alguma razão,susto,coincidencia ou decepção pousa,olha para baixo e enxerga "a vida como ela é"...
Você é incrível e vai tirar de letra mais este aprendizado,afinal a beleza da vida se encontra nos olhos de quem sabe ver já dizia Gabriel Garcia Marquez...
Mas concordo com você e mais ainda com Nelson Rodrigues que em um momento como este seu disse:
"Eu invejo a burrice porque ela é eterna"
Aproveito para agradecer o comentário do blog e dizer que me sinto honrada em ter uma amiga cheia de qualidades e especial ao meu lado,assim como você!
Não desista,muitas dessas verdades virão,mas você saberá o que fazer com elas!!

Beijo menina linda,em frente sempre!!

ErikaH Azzevedo disse...

Ser adulto minha flor é a forma mais certa de se crescer pro lado errado...é um tantão de realidade a um minuto do nosos olhar, e a um segundo do sentir na pele a tal vida, assim como ela é.
As vezes vale a ignorancia dos tempos de criança , que nada sabia e tudo sentia, e sentia as coisas tal como elas se apresentavam, uma a cada momento, dia após dia...

Sei que vais tu tirar isso de letra...de letras, palavrase textos , muitos textos , pq só o escrever é que nos salva minh querida, só o escrever é que nos salva....

Faz sim das palavras tua pra sempre terapia. que eu estarei aqui olhos sempre ávidos pra te ler.

Bjos minha menina.

Erikah

Anônimo disse...

Ah, minha amiga... Como eu me identifico com cada palavra que você deixou nesse texto. Mas isso passa, oremos, do nosso jeito, que isso passa.
Bjão.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.